quarta-feira, 25 de junho de 2008

SÁBADO, TRISTE PARA UNS ALEGRE PARA OUTROS

(*) Ferrer Freitas



Estive em Oeiras no último sábado, 21 de junho, em missão especial que me permito não dizer agora de que se trata. Depois Você saberá, caro Ronaldo de Cazé. Fiquei lá somente na parte da tarde, emendando com pernoite agradabilíssimo pelo friozinho que, antigamente, chamávamos de cruviana (está no Aurélio assim mesmo, friozinho). Cedo da noite, na Conceição assisti à missa pelo sétimo dia do falecimento de dona Carmem Rêgo, aos 97 anos. Por três, poder-se-ia dizer que viveu 100 e nada ficaríamos devendo à vida. Era esposa do seu Assuero, figura de escol da cidade, que exerceu, por muito tempo, a atividade de chefe dos Correios e Telégrafos, paralelamente à de arrendatário do famoso bar Café Oeiras, esta nos anos 50. Dona Carmem era mãe de muitos filhos, entre eles o grande escritor José Expedito de Carvalho Rêgo , que, se vivo estivesse, completaria 80 anos neste 2008. Os demais são: Socorro, Manoel Felipe, Nilson, Zilda, Ariosto, Cláudio, Assuero, Leonília, Ester, Benedito e Teresinha (Tetê). Era natural de Simplício Mendes, cidade oeirense, como gosta Dagoberto. Na sua longa existência gozou do bem-querer da gente oeirense, pela atenção e amizade que a todos dispensava. Era uma pessoa discreta, mas afável e solidária. Fui amigo de infância do Assuerinho, que revi sábado, depois de longo tempo. Gostaria, no entanto, de ressaltar uma proximidade maior com Expedito, por razões conhecidas e declinadas, Zilda, por conta do Instituto Histórico, e da querida Ester, entre outros motivos, por ser esposa de um dos meus melhores amigos, Paulo de Tarso, o muito conhecido Paulo de Dr. Tarso.

No mesmo horário, na Catedral, era celebrada outra missa, só que em ação de graças pelos 98 anos de Silvério Ferreira, amplamente tratado por Silvério Cabeceira. Oeirense que marcou toda sua longa existência, que vai célere para um século, pelo trabalho de desbravador, em caminhões guiados por estradas que não existiam. Iniciou no mister com João Burane, meu pai, ação transformada em profunda amizade, que perdurou por toda a vida, lamentavelmente curta, no caso do meu velho, e que depois foi repassada para os filhos, Cícero, Socorro (Doiô), Joaquim, Wilson, Rosenir e Francisco (Tatico). Seu Silvério foi ainda presidente do Círculo Operário Oeirense, na sua fase inicial, e, mais importante, do Cruzeiro Sport Club, uma paixão infanto-juvenil. O Vasco veio depois, viu Joca! De seus filhos, o mais próximo de mim era Cícero, que fez a viagem fora do combinado, como gosta o cantador Boldrin. Era companheiro do dia-a-dia, e de todas as horas, para o papo que girava quase sempre sobre cinema, outra paixão, que perdura até hoje. Quando não nos encontrávamos no Passeio Leônidas Mello, à noite, quase sempre o fazíamos, à tarde, na mercearia do mercado público, pequeno comércio do pai. Sempre que passo pela Nogueira Tapety, depois que o sol baixa, vejo seu Silvério sentado à porta de sua casa, já há algum tempo sem a companhia de dona Raquel, que resolveu se antecipar na viagem derradeira. Vai aqui um grande abraço para ele.

(*) Ferrer Freitas é simplesmente um oeirense apaixonado por sua terra e apolítico.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro Ferrer, também estive em Oeiras para confraternizar com o "velho" e matar um pouco a saudade da terrinha. Você me fez lembrar que já ouvira de papai algumas passagens da convivência dele com o "velho João Burane". Amizade de verdade. Parabéns pelo texto e obrigado pela lembrança. Joaquim A.Ferreira/Fortaleza-Ce.