quarta-feira, 13 de agosto de 2008

NOTA DE ORELHA

(*) Ferrer Freitas


Certa vez alguém me disse que podemos considerar determinada pessoa amiga quando estamos sempre falando em seu nome, ou ainda lembrando coisas que diz e faz. É o caso do autor das crônicas e ensaios enfeixados neste segundo livro, de título poético, FLORES VERMELHAS EM NOITES AZUIS, extraído de um dos textos, Moisés Ângelo de Moura Reis. Além de amigo de todas as horas, é conterrâneo e até aparentado – um dos nossos tetravós é o mesmo. Por conta de seu equilíbrio emocional, estou sempre lembrando de suas opiniões e conselhos, muitos externados em parêmias, que me valem em situações por vezes embaraçosas.

Conheço-o há muitos anos, ele ainda meninote, e eu, como um seu irmão de minha idade e nome, Pedro, já grandinho, entrando na adolescência. Vivíamos em uma Oeiras ainda circunscrita ao centro histórico, em meados dos anos 50 do século passado. Minha casa era na Praça da Bandeira. A dele em rua com nome de herói, Major Manuel Clementino de Souza Martins, abatido em campo de batalha, no episódio da Balaiada. Como meu contato com seu mano era quase diário, para brincadeiras e/ou traquinices, o via sempre, com certa distância, por conta da diferença de idade, de quatro para cinco anos.

Depois, a vida levou-nos por caminhos diferentes. Enquanto fui parar no Rio de Janeiro, no início dos anos sessenta, quando aquela cidade ainda era verdadeiramente maravilhosa, em busca de trabalho e estudo, ele veio para esta capital, já funcionário do Banco do Nordeste, admitido em Oeiras onde trabalhou até concluir o curso ginasial. Por influência de seu pai, o professor e advogado Hipólito Reis, oeirense extraordinário, cursou Direito, ainda no velho prédio da Praça Demóstenes Avelino, em turma quase toda aproveitada, como diziam os antigos para jovens que venceram na vida. Estão aí, na praça, desembargadores, escritores, professores universitários e advogados de renome, como é seu caso.

Na ciência de Ulpiano, como gosta de dizer, ou se aprende a escrever ou não se vai à frente. Pois Moisés Reis, assim conhecido de todos, paralelamente às petições, recursos e peças outras da lide , para usar uma palavra que gosta, como advogado, começou a redigir crônicas e ensaios sobre assuntos diversos do cotidiano, publicando-os em jornais de Teresina. Já reuniu alguns no primeiro livro, COM OLHOS DE ARGOS, muito bem recebido pelos que têm o hábito da boa leitura. Agora, junta outros textos e brinda-nos com este FLORES VERMELHAS EM NOITES AZUIS, título do ensaio em que denuncia as arruaças e invasões do MST, que o governo central, se não aplaude, faz vista grossa. É pegar e começar a ler, ou reler!


* Ferrer Freitas é Vice Presidente do Instituto Histórico de Oeiras

Nenhum comentário: