sexta-feira, 22 de agosto de 2008

NEM SETE, NEM SETECENTOS


(*) Ferrer Freitas



Acho que homenagear a caríssima Rita de Cássia Campos, Rita Campos ou Ritinha, este um tratamento só para os íntimos, é tarefa que se impõe a qualquer tempo. No momento em que chega à sétima década de sua vida, aí nem se fala. Os motivos são muitos, mas me permito destacar um, sua oeirensidade, que a leva à defesa intransigente de Oeiras e de seus valores culturais. A lembrança mais antiga que guardo dela é de quando éramos da Cruzadinha, movimento de inspiração católica formado em Oeiras logo após a instalação da diocese, com o primeiro bispo, Dom Expedito Lopes. À época, início dos anos 50, a cidade vivia, praticamente, em função da Santa Madre Igreja. Tudo era programado para ocorrer antes ou depois das funções religiosas, como as missas dos domingos e/ou, diariamente, a bênção noturna do Santíssimo, após o terço, isso para ficar só no habitual. Quando dos festejos de algum Santo, e de todos ocorria, a coisa era mais rígida. Ressalte-se que nesse tempo não havia celebração de missa à noite.

Aí vem o tempo do Rio, anos 60, inicialmente no apartamento da tia-afim, dona Morena Abreu, em Laranjeiras, no prédio em frente à sede do Fluminense. Contávamos com o primo Pedro Tapety (ou de Morena), muito brincalhão com seus óculos de lentes ‘fundo-de-garrafa’, nos passeios aos pontos turísticos e nas saídas para os barzinhos da moda. Outra fase inesquecível é a da vila da 19 de fevereiro, em Botafogo, casa 7, residência da saudosa Besinha, que nos deixou há pouco , época do gaúcho boa-praça, Nilo, o ‘tchê’, paquera sempre lembrada, e da capixaba Ângela, lourinha de olhar ligeiro.

Com meu retorno do Rio, em 1974, reencontramo-nos no Instituto Histórico, a Casa do Brigadeiro Souza Martins, idealizado por Dagoberto, e que tem relevantes serviços prestados à cidade. Formamos uma diretoria que contava com a participação decisiva daquela que era considerada a mãe do Instituto, dona Alina Rosa Ferraz Nunes Ferreira de Carvalho, por período superior a 10 anos, quando Ritinha exerceu, com proficiência, a secretaria-geral. Levávamos, com a ajuda de abnegados sócios (Celina Martins, Zilda Rêgo, Hipólito Reis, Carlos Rubem, Chico Rêgo, Vilma Freitas, Maria do Carmo, Amália Campos e outros) a bandeira de Mafrense, como gosta Dagoberto.

Pois não é que a professora Rita Campos chega, lépida e fagueira, a uma idade que ninguém lhe dá, e não sou eu quem vai aqui falar em números, para não ser deselegante, embora me traia no título e logo no início desta crônica. E chega vendendo saúde, bonita como só e, o que é melhor, participando de tudo que se faz de proveitoso em Oeiras, no campo cultural. Alguém já disse até que ali nada se faz nessa seara sem o seu concurso. Portanto, vida longa, querida Ritinha!



(*) Ferrer Freitas é membro do Conselho Estadual de Cultura

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