sexta-feira, 14 de março de 2008

Nos Caminhos do Bom Jesus

*Emanuel Vital de Sousa


Como em lugar algum, uma reverencia a Jesus Cristo é tão fervorosamente lembrada como na procissão do Bom Jesus dos Passos em Oeiras.

Na quinta feira dita de Passos, a via sacra inicia-se com a fugida do Cristo, representada pela ida da imagem santa em procissão, da Catedral de Nossa Senhora da Vitória em destino á doce colina, onde a imagem fica na Igreja de Nossa Senhora do Rosário durante toda a noite da quinta e dia da sexta feira.

No inicio da manhã de sexta feira, é celebrada a missa do Bom Jesus. Após a celebração, acontece a visitação a o Santo pelos romeiros de todas as partes do Brasil. Ao meio dia acontece o oficio dos Passos, igreja do Rosário completamente lotada de fiéis.

O reinicio da via sacra acontece por volta das dezessete horas, quando uma multidão que se forma dentro e fora da igreja do Rosário segue em procissão pelos passos e becos da Velha Cap. Descendo do andor negro a imagem pára no primeiro passo para ouvir o bonito lamento de Maria Beú. Seguindo o trajeto uma parte de chão batido, não é obstáculo para os pés descalços de sandálias, mais calçados da fé que anima o sertanejo, e só pára no Passo do sobrado Major Selemérico, a aguardar pela oportunidade de adquirir a impar flor do Bom Jesus. Rua da Cadeia, ponte sobre o Pouca Vergonha e Rua do Fogo, nesta a aglomeração é tamanha que praticamente fica-se inerte. Mais um Passo, mais flores e o ponto alto acontece, com o encontro das imagens do Bom Jesus e de nossa Senhora das Dores.

Nesse momento, a Praça das Vitórias completamente tomada de pés, de cruzes, de pedras, de velas, de flores, de roxo e de fé, acompanham a homilia do sermão do encontro. Terminado esse momento único, seguem-se da Vitória ao Passo do engano, três voltas dá a imagem do Bom Jesus dos Passos, como num gesto que lembra à tentativa do Cristo de escapar dos seus perseguidores. Após essa bela evolução, mais romeiros, mais flores e mais uma vez o canto de Maria Beú, é o Passo da Praça da Bandeira. A procissão agora entorna os casarões e prédios históricos de tão belo acervo arquitetônico, até chegarem em retorno á Matriz primeira dessas terras mafrensinas, onde esse último passo não representou o fim, mais renovou a fé e esperança da Semana que se inicia no Domingo de Ramos.




*EMANUEL VITAL DE SOUSA é PROFESSOR DE GEOGRAFIA EM OEIRAS
Fotos: Adleuza Pacheco

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